“Casa de Ferreiro, Espeto de Pau”? Autopercepção sobre corrupção pelos servidores da AGU, CGU e Justiça Federal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36428/revistadacgu.v16i29.706

Palavras-chave:

Controle, Cultura organizacional, Lideranças, Percepção, Práticas ilícitas

Resumo

  Este artigo aborda a compreensão das práticas ilícitas em organizações, destacando a importância da cultura organizacional e da percepção dos membros da organização. A pesquisa investiga a percepção de condutas antiéticas por servidores de órgãos de controle público, como a Advocacia-Geral da União (AGU), a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Justiça Federal (JF), examinando como essa percepção pode ter implicações nas atividades de controle que esses servidores exercem. A análise se baseia na ideia de que a trajetória das organizações importa e que, para se pensar em mudanças em relação a condutas antiéticas, precisam ser consideradas as estruturas hierárquicas, cultura e valores informais inerentes a essas organiza­ções. A pesquisa utilizou dados do Banco Mundial para examinar a percepção dos servidores desses órgãos de controle em relação a práticas antiéticas nos contextos das organizações que integram. Os resultados indicam que a cultura organizacional desempenha um papel na percepção dessas práticas e nas atividades de controle. O estudo reforça que a posição hierárquica dos agentes influencia a percepção e a capacidade de denúncia, enfatizando a importância das lideranças na compreensão das práticas ilícitas. Destaca a necessi­dade de considerar o contexto e as relações de poder ao analisar organizações e suas atividades de controle, além da necessidade de mudanças organizacionais específicas no Judiciário, que favoreçam o combate in­terno a condutas antiéticas.

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Biografia do Autor

  • Rafael Rodrigues Viegas, Fundação Getúlio Vargas (FGV SP)

    Pesquisador vinculado ao Centro de Estudos em Administração Pública e Governo da FGV (CEAPG FGV) e ao Centro de Estudo de Cultura Contemporânea (CEDEC). Pesquisador Visitante na Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) e no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Qualidade de Governo e Políticas Públicas para o Desenvolvimento Sustentável (INCT QualiGov)

  • Nilton Garcia Sainz, Universidade Federal do Paraná

    Pesquisador Vinculado ao Observatório de Elites Políticas e Sociais do Brasil (UFPR), ao Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira (NUSP/UFPR), ao Laboratório de Análise do Campo Científico (LACC/UFPR), Comunicação política e Democracia digital (COMPADD/UFPR) e ao Núcleo de Pesquisa em Políticas Públicas e Desenvolvimento Humano (NUPED/PUC-PR).

  • Silvia Avelina Arias Mongelós, Fundação Getúlio Vargas (FGV SP)

    Doutoranda em Administração Pública e Governo (FGV SP)

  • Rayane Vieira Rodrigues, Fundação Getulio Vargas (FGV SP)

    Doutoranda em Administração Pública e Governo (FGV SP). Pesquisadora vinculada ao Centro de Estudos em Administração Pública e Governo (CEAPG FGV SP).

  • Débora Dossiatti de Lima, Universidade de Brasília (UnB)

    Doutoranda em Administração (UnB).

Referências

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Publicado

31.12.2024

Edição

Seção

Dossiê Especial Dez anos da Lei Anticorrupção no Brasil: experiências, aprendizados e perspectivas futuras

Como Citar

“Casa de Ferreiro, Espeto de Pau”? Autopercepção sobre corrupção pelos servidores da AGU, CGU e Justiça Federal. Revista da CGU, [S. l.], v. 16, n. 29, 2024. DOI: 10.36428/revistadacgu.v16i29.706. Disponível em: https://revista.cgu.gov.br/Revista_da_CGU/article/view/706. Acesso em: 7 jan. 2025.

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